Um jeito Poliana de pensar, um jeito Henrique de viver...
- Danielle Junges Bazzo
- 18 de jul. de 2024
- 2 min de leitura
Há muitos anos descobri que posso escolher como me sinto em relação ao que acontece. Posso escolher ter um dia feliz, ou não. E uma vez que a decisão foi tomada, vou me concentrar nela. Ainda que o mundo não concorde. Ainda que existam contratempos.
Quando eu era menina, tinha uns 9 ou 10 anos, costumávamos viajar até uma cidade que fica a uns 200 km de distância de nossa casa. Era uma viagem curtinha, normalmente para um final de semana, e eu gostava muito. Eu ia junto com meus avós e meu tio. A visita era na casa de uma tia, cunhada da minha avó. Ela tinha 4 filhos: 2 moças e 2 rapazes. O mais velho, ficou tetraplégico aos 16 anos. Pulando a grade da escola para jogar bola. Machucou a coluna, passou por um procedimento errado, e ficou paralisado. Viveu nessa condição por quase 30 anos. Numa cama. E era a pessoa mais sorridente e de bem com a vida que eu conheci.
Todos gostavam muito de estar com ele. E, como ele tinha muito tempo livre, ele lia muito, estudava, aprendia coisas novas. Era muito comunicativo, gostava de conversar e tinha um repertório enorme. Minha avó passava muitas horas com ele, nessas visitas, conversando sobre assuntos diversos.
Eu, menina, imaginava como devia ser triste sua condição. Mas de triste ele não tinha nada.

E, sem querer, me ensinou muito mais do que eu era capaz de entender na época.
Foi numa dessas visitas, que uma das primas me deu o livro Polyana. E um segredo se revelou ali para mim. Encontrar um motivo para viver a vida da melhor maneira possível. Jogar o jogo do contente. E para muitas coisas não muito legais que acontecem na vida da gente, pensar: mas, pelo menos (tenho, posso, consigo) tal coisa. O que mais me vinha a mente era a imagem do primo Henrique, em cima de uma cama, com uma tv por companhia, muitos livros, a família e sua sincera vontade de viver e ser feliz. Ainda que houvessem tantos motivos contrários.
Então, se ele podia, eu também podia ser feliz. Ainda que não fosse possível realizar tudo o que sonhava, ou ter tudo o que queria.
Eu jurava que ele lia Poliana o tempo todo e jogava o jogo do contente.
Os anos passaram e essa história me acompanha. Já li Poliana inúmeras vezes. Indico a leitura para todos. E sigo, jogando o jogo do contente. Muitas vezes a vida não acontece como sonhamos. E me lembro que ainda assim posso escolher: viver da melhor maneira possível e ser feliz, ou me vitimizar e aceitar que a vida é assim mesmo. Faço como o primo Henrique: escolho fazer o melhor possível, e transformar minha realidade todos os dias.
Aceitando o que é preciso aceitar, mudando o que posso mudar, encontrando a fé e o amor, porque escolho isso. Escolho como quero me sentir. Escolho como quero viver.
E você? Já leu Poliana? O que você aprendeu com ela? Se ainda não leu, conheça aqui: https://a.co/d/8b3kF5e
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